Boa Vista vive um cenário de atenção máxima após o anúncio oficial de manutenções que podem interromper o fornecimento de energia e gerar um possível apagão na capital. O comunicado acendeu um alerta entre moradores, órgãos públicos e empresas, que temem que a cidade enfrente instabilidade nos próximos dias. O debate que surge é mais profundo: uma capital que depende cada vez mais da tecnologia pode parar com poucos minutos de desligamento, revelando a fragilidade de uma infraestrutura que ainda não acompanha o ritmo digital adotado por toda a sociedade.
A possibilidade de apagão em Boa Vista expõe um desafio silencioso. Processos básicos de segurança, armazenamento e comunicação estão hoje integrados a softwares, servidores e sistemas inteligentes. Uma simples interrupção pode significar travamento de plataformas, perda de dados não sincronizados e paralisação de serviços essenciais. Em uma era em que tudo está interligado, desde câmeras públicas até agendamentos de saúde e matrículas escolares, a dependência energética se tornou um fator de risco estratégico.
O setor público de Boa Vista também se prepara diante da possibilidade de falhas de energia. Com atendimentos digitalizados, sistemas de emissão de documentos, plataformas de gestão e comunicação institucional funcionando via rede, um apagão poderia provocar atrasos e reprogramações que afetam diretamente o cidadão. A cidade vive um momento em que serviços e direitos básicos passam pela internet, e isso transforma o fornecimento de eletricidade em um pilar social, e não apenas técnico.
Na economia municipal, a preocupação é ainda mais evidente. Boa Vista conta com um comércio que opera em máquinas, aplicativos de pagamento e marketplaces, e qualquer falha desliga as vendas. Micro e pequenos empresários temem dias de prejuízo se o possível apagão se confirmar. Empresas maiores, por sua vez, ativam planos emergenciais, testam geradores e revisam recursos de redundância, porque sabem que um segundo sem operação pode custar contratos, credibilidade e clientes.
A área de segurança é outro ponto sensível quando Boa Vista cogita enfrentar apagão. Sistemas de monitoramento urbano, vigilância privada, alarmes e portarias eletrônicas dependem de energia constante, e mesmo com baterias de curta duração, a falha prolongada deixa bairros vulneráveis. Em uma cidade com expansão demográfica e mobilidade intensa, a interrupção de energia redefine rotinas e coloca operações policiais em desafio, principalmente no que diz respeito a comunicação e rastreamento.
Na saúde, o risco se eleva a um nível crítico. Unidades médicas precisam de refrigeração, equipamentos de suporte e sistemas que regulam entrada de pacientes e distribuição de medicamentos. Boa Vista possui clínicas e hospitais estruturados, mas a dependência tecnológica exige respostas imediatas quando o fornecimento falha. Equipes técnicas reavaliam rotinas, checam geradores e garantem suporte para que atendimentos emergenciais não sofram risco adicional durante a possível interrupção.
O anúncio de manutenção também reabre uma discussão que Boa Vista evita há anos: a necessidade de modernizar sua matriz energética. A demanda por soluções renováveis, a instalação de painéis solares e a adoção de baterias capazes de armazenar energia vem deixando de ser alternativa e passando a ser proteção. Em outras regiões, tecnologias de compensação reduzem o impacto de apagões, e especialistas avaliam que a capital poderia seguir caminho semelhante para diminuir dependências futuras.
Boa Vista se encontra diante de uma reflexão urgente. A possibilidade de apagão não é apenas um contratempo técnico, mas um aviso de que a infraestrutura precisa acompanhar a velocidade com que a tecnologia transformou a vida dos moradores. O desafio não é evitar a manutenção, mas garantir que ela não paralise uma cidade inteira. O debate sobre energia se torna, portanto, parte do debate sobre desenvolvimento, autonomia e segurança de uma capital que não pode mais viver desconectada.
Autor: Mohamed Sir

