A Organização Internacional para as Migrações (OIM), uma agência da Organização das Nações Unidas (ONU), voltou a atender migrantes venezuelanos em Boa Vista nesta segunda-feira (3). O serviço havia sido suspenso por uma semana devido a cortes de verbas do governo dos Estados Unidos, liderado por Donald Trump. A interrupção afetou diretamente a assistência humanitária prestada aos migrantes que chegam ao Brasil pela fronteira com a Venezuela.
O retorno das atividades da OIM ocorre nos Postos de Triagem (PTrig) e de Recepção e Apoio (PRA). A organização anunciou que conseguiu mobilizar novos recursos para retomar seu trabalho em apoio à operação Acolhida, uma força-tarefa do governo federal destinada a atender os migrantes. Em um comunicado ao governo brasileiro, a OIM expressou sua satisfação em poder reiniciar os serviços essenciais.
A suspensão dos serviços da OIM foi uma consequência direta da decisão do governo Trump de cortar os repasses de fundos para ajuda humanitária fora dos Estados Unidos. A agência dependia do apoio financeiro do Bureau de População de Refugiados e Migração (PRM) e da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID). A falta de recursos comprometeu a continuidade do atendimento aos migrantes em Roraima.
Na última semana, a OIM havia interrompido suas atividades, mas agora, com a mobilização de novos recursos, a organização está pronta para retomar o apoio aos migrantes. O documento enviado ao governo brasileiro destaca que a OIM atuará em três eixos principais da Operação Acolhida: Ordenamento da Fronteira, Acolhimento e Interiorização. Essa abordagem visa garantir um atendimento mais eficaz e humanizado aos venezuelanos que buscam refúgio no Brasil.
A equipe do g1 esteve presente nos Postos de Triagem e de Recepção e Apoio e confirmou a presença da OIM em ambos os locais. Militares da Operação Acolhida e funcionários da empresa Pegasus, que atuam na triagem, informaram que a agência voltou a oferecer serviços aos migrantes. Essa retomada é crucial para garantir que os venezuelanos recebam a assistência necessária em um momento de vulnerabilidade.
Entre os serviços prestados pela OIM estão a orientação e escuta especializada para migrantes em situação de vulnerabilidade, além do encaminhamento para serviços essenciais, como saúde e assistência social. A organização também oferece apoio na emissão de documentação e foca em questões relacionadas à exploração laboral e violência de gênero. Esses serviços são fundamentais para ajudar os migrantes a se estabelecerem e se integrarem na sociedade brasileira.
A reportagem do g1 também procurou a OIM para confirmar se todos os serviços foram restabelecidos, mas ainda aguarda uma resposta. A expectativa é que a organização possa retomar integralmente suas atividades e continuar a oferecer suporte aos migrantes venezuelanos em Roraima, que enfrentam desafios significativos em sua jornada.
Além da OIM, os cortes de verbas do governo Trump também impactaram os serviços da Cáritas Brasileira. As instalações sanitárias da organização, que ofereciam serviços gratuitos a migrantes, foram fechadas por tempo indeterminado. Isso deixou muitas pessoas em situação de vulnerabilidade sem acesso a banheiros, chuveiros e água potável, agravando ainda mais a crise humanitária enfrentada por esses migrantes.